O sistema bancário e financeiro global passa por diversas transformações impulsionadas pelas novas tecnologias digitais. Barbosa[1] explica que a crescente automatização, a evolução das telecomunicações e da tecnologia de informação impactaram fortemente o setor nas últimas décadas. Além disso, segundo o autor, as inovações levaram a criação de novos produtos e serviços que possibilitam aos bancos oferecerem um amplo portfólio aos seus clientes, aumentando e diversificando suas fontes de receitas.
Nesse ambiente, fintechs (ou “Financial Technology”) são “aquelas empresas que usam tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos na área de serviços financeiros de uma forma inovadora, sempre focada na experiência e necessidade do usuário”[2].
Essas empresas apresentam diversas vantagens competitivas, pois contam com estruturas mais enxutas e tecnologia de ponta que possibilitam oferecer ao usuário produtos e serviços mais baratos em comparação com os bancos tradicionais. Isso é possível porque elas partem de modelos de negócio criados para “respeitar, ao limite, a regulamentação vigente, reduzindo os custos com sistemas de compliance e jurídico-legal”[3].
Destarte, as fintechs não promovem apenas ações diretas para lidar com a concorrência e exigir maior regulamentação; elas vão além e “procuram se antecipar ao mercado e dar sequência ao desenvolvimento de qualquer inovação que possa despontar”[4].
Mais vantajosas para o consumidor e potencialmente rentáveis para investidores
Há diversas fintechs de sucesso no Brasil, com atuação no segmento de pagamentos, controle financeiro, crédito, crowdfunding, seguros e investimentos. Como exemplos, pode-se citar o Nubank (que em dezembro de 2021 se tornou a instituição financeira mais valiosa da América Latina[5]), Picpay, XP Investimentos, PagSeguro, GuiaBolso etc.
Além disso, segundo a revista Exame, os fundos de venture capital recentemente bateram um novo recorde anual de aportes no Brasil: R$ 46,5 bilhões em startups brasileiras, e “o impulso veio principalmente das startups ligadas ao setor financeiro (fintechs) e ao segmento de seguros (insuretechs), que concentraram quase 30% desse montante”[6]. Como resultado, o Brasil teve uma “avalanche” de novos unicórnios, como são chamadas as empresas que passam a ter uma avaliação no mercado superior a US$ 1 bilhão (entre elas estão a Mercado Bitcoin, C6 Bank, Facily e Olist).
Referências
[1] BARBOSA, R. R. Fintechs: a atuação das empresas de tecnologia de serviço no setor bancário e financeiro brasileiro. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Esola de Administração, Programa de Pós-Graduação em Administração. Porto Alegre/RS, 2018.
[2] Definição dada pela Associação Brasileira de Fintechs – ABFINTECHS. Disponível em: https://www.abfintechs.com.br/1-sobre-associacao
[3] BARBOSA, R. R. Op cit.
[4] PARTYKA, R. B.; LANA, J. GAMA, M. A. B. Um Olho no Peixe e Outro no Gato: Como as Fintechs Disputam Espaço com os Bancos em Época de Juros Baixo. Administração: Ensino e Pesquisa Rio de Janeiro v. 21 nº 1 p. 146–180 Jan-Abr 2020.
[5] FOLHA DE SÃO PAULO. Nubank chega ao mercado avaliado em R$ 231,4 bi e passa Itaú como o mais valioso da América Latina. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/12/nubank-chega-ao-mercado-avaliado-em-r-2314-bilhoes-e-passa-itau.shtml
[6] EXAME. Puxado por fintechs, investimento em startups triplica no Brasil em 2021. Disponível em: https://exame.com/pme/puxado-por-fintechs-investimento-em-startups-triplica-no-brasil-em-2021/