O mercado brasileiro de eletroeletrônicos teve um crescimento significativo em suas vendas no ano de 2024. De acordo com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), em reunião com o Presidente e Vice da República, as vendas cresceram 29% em 2024, totalizando 117,7 milhões de aparelhos vendidos, entre televisões, geladeiras, fogões, ar-condicionado e outros itens.
Esse desempenho, apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, aponta não apenas para a força da indústria, mas para a consolidação de um cenário favorável para o setor de eletromóveis.
O crescimento vivenciado pelo setor em 2024, de acordo com a Associação, foi influenciado pelo cenário econômico favorável ao consumo, com o aumento de empregos e a expansão do crédito. Além disso, fatores climáticos contribuíram para o crescimento das vendas de ar condicionado em 38% (a produção atingiu cerca de 5,8 milhões de unidades), e ventiladores. Outro fator considerado pela Eletros foram as trocas de lavadoras, refrigeradores e aparelhos de ar-condicionado para modelos mais modernos e econômicos.
Nas palavras do presidente executivo da Eletros:
“Os resultados alcançados, ainda que influenciados por diversos fatores, como o econômico e o climático, mostram a força da indústria nacional, sua capacidade de atender à demanda e corresponder às expectativas do consumidor, que busca produtos cada vez mais modernos, eficientes e acessíveis“.
Como visto, o segmento de ar condicionado foi o maior destaque do ano de 2024, tendo em vista o crescimento de 38%. Ele foi seguido pela linha portátil (cafeteiras, secadores de cabelo, ferro de passar etc.), que comercializou cerca de 80,8 milhões de produtos, em um aumento de 33% de vendas.
O segmento da linha marrom (televisores, equipamentos de áudio etc.), no mesmo contexto, teve um aumento de 22% de suas vendas. Já aqueles da linha branca (fogões, máquinas de lavar, geladeiras etc.) cresceram cerca de 17%.
O Presidente-Executivo da Eletros ainda disse:
“Nós tivemos um aumento na geração de empregos, um controle da inflação muito maior e uma redução da taxa de juros no primeiro semestre do ano passado. Isso impacta na aquisição dos produtos, porque eles são comprados principalmente parcelados, e quando a população vê que a parcela cabe no bolso, ela se sente estimulada a adquirir esses produtos”.
Isso evidencia um ponto crucial para entender o bom desempenho do setor: o poder de compra do consumidor brasileiro está diretamente ligado a fatores macroeconômicos como emprego, inflação e taxa de juros. Em um país onde a imensa maioria das compras de bens duráveis é feita a prazo, a percepção de que as parcelas “cabem no bolso” torna-se um estímulo imediato ao consumo.
A perspectiva revela não apenas uma análise econômica, mas também um entendimento claro do comportamento do consumidor nacional, que busca segurança para se comprometer com compras de maior valor. Trata-se de um recado importante tanto para o mercado quanto para as autoridades econômicas, mostrando como medidas de estabilidade e incentivo ao crédito podem refletir diretamente no aquecimento de setores-chave da indústria com o de Eletromóveis.
Perspectivas
Se o crescimento nas vendas em 2024 foi significativo, as expectativas para o presente ano nem tanto. As projeções da Eletros indicam que o setor, para 2025, possui expectativa de crescimento entre 5% e 10%, o que sinaliza a continuidade do aquecimento do mercado, mesmo que menor que o ano anterior.
Segundo apurado pelo canal Economia UOL[2], a visão da Eletros é de um crescimento entre 8% a 10% em um cenário otimista e, em uma perspectiva conservadora, de um avanço médio de 5%.
Nas palavras de Jorge Nascimento (Executivo da Eletros):
“O cenário macroeconômico será decisivo para esses resultados. Temos desafios importantes, como o controle da inflação, a redução das taxas de juros e a estabilidade cambial, já que a variação do dólar impacta os custos de produção. Além disso, o fortalecimento da geração de empregos e ajustes finos nas políticas industriais serão essenciais.”
Ele traz um panorama realista e cauteloso para o setor. Embora o mercado tenha colhido bons frutos recentemente, a continuidade desse crescimento dependerá de um ambiente econômico favorável e de decisões políticas acertadas. A preocupação com inflação, juros, câmbio e políticas industriais evidencia o quanto o setor de Eletromóveis está atrelado não apenas à demanda do consumidor, mas também a variáveis globais e nacionais que podem acelerar ou frear o consumo.
É um lembrete de que o otimismo precisa caminhar lado a lado com responsabilidade fiscal e estratégias bem calibradas, tanto por parte do governo quanto da iniciativa privada.
Portanto, como destacou o presidente da Eletros, Jorge Nascimento, o setor tem buscado superar desafios por meio da inovação e da parceria com o poder público. A integração de tecnologias inteligentes nos eletrodomésticos demanda também inovação no design de móveis, especialmente para atender consumidores que buscam produtos modernos, sustentáveis e eficientes, sendo esta a mensagem para o setor.
Projeções à luz da Reforma Tributária
A Reforma Tributária, aprovada em 2023 e com implementação gradual prevista a partir de 2026, também figura entre os fatores que podem impactar o desempenho do setor de Eletromóveis nos próximos anos. A simplificação do sistema tributário, com a unificação de impostos e a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), promete reduzir a complexidade e os custos fiscais para as empresas, o que pode gerar efeitos positivos tanto na cadeia produtiva quanto nos preços finais ao consumidor.
Para o mercado de eletroeletrônicos e, consequentemente, para o setor de eletromóveis, a expectativa é que a nova sistemática incentive o consumo, ao promover maior transparência tributária e possivelmente diminuir a cumulatividade de impostos que encarecem os produtos.
Contudo, o impacto real dependerá da regulamentação das novas regras e da capacidade do governo de equilibrar a arrecadação com o estímulo ao consumo e à produção nacional. O setor precisa acompanhar de perto esses desdobramentos, pois a redução da carga tributária sobre bens de consumo duráveis pode favorecer diretamente tanto a venda de eletrodomésticos quanto a demanda por eletromóveis planejados, fortalecendo toda a cadeia do varejo e da indústria.
Diante desse cenário de crescimento consolidado e perspectivas positivas, o setor de eletromóveis se posiciona como um importante protagonista da indústria brasileira em 2025. A continuidade desse desempenho, no entanto, exige não apenas atenção às variáveis macroeconômicas, mas também um olhar atento e estratégico para as mudanças trazidas pela Reforma Tributária. A prometida simplificação e modernização do sistema tributário podem trazer ganhos para consumidores e empresas (algo que só será possível vislumbrar com sua implementação e funcionamento), mas demandarão adaptação e vigilância permanente por parte dos fabricantes, lojistas e varejistas.
Em um ambiente de constante transformação, o sucesso do setor dependerá da capacidade de inovar, de se alinhar às novas demandas de consumo e de responder com agilidade às alterações fiscais e regulatórias que, sem dúvida, irão moldar o futuro do mercado.
Fontes: